segunda-feira, 21 de março de 2011

Marfisa - 14/01/1968 – "A Peneira" Nº 07- J.UM

MARFISA 


Sra. Maria Efigênia de Souza


(Texto dirigido à Sra. Maria Efigênia de Souza, grande organista e poetisa de Virginópolis, que cognomiva-se MARFISA)

J.UM


“Meu Deus! Quanta beleza nessas trilhas!
Que perfume nas doces maravilhas
Onde o vento gemeu!
Quantas flores por estas veigas belas!
Foi um anjo, co’a mão cheia de estrelas
Que na terra as perdeu”...

            Vamos pedir ao primeiro devassador dos céus que descobrir uma “nova”, que lhe chame “Marfisa”.
Estrela brilhante do Nordeste, porque desmaias no céu de nossa terra?
Vocês, Castro Alves e Francisco Otaviano, tiveram como Shakespeare e Dante, pensamentos fecundos que dão certo em todas as esferas.
            Estrelas caídas das mãos de um anjo, nas veigas da terra, na humildade olorosa da flor, quantas há!
            Colunas dóricas e jônicas, com palpitações femininas de forma, lembrando a Hélade e o requinte grego do pensamento e da arte, quebradas fragorosamente ou truncadas, antes do desabrochar ovante do capitel.

              Sangrenta e dolorosa, a agonia de uma flor...
            O talento, o pensamento em cristal, a crispação de uma alma, a chispa viva da poesia, no PENSE, da Marfisa.
            Poesia mesmo, simplicidade tocante, ironia de uma alma que não consegue ser má, interpretação sublimada do cotidiano, meditação, ciência de ver o que outros não vêem, na nota lapidar da simplicidade, prova de fogo da arte.
            Quanta gente com fama de poeta terá sentido, assim genuíno, o sopro da inspiração?
            A poesia é graça de Deus. É pensamento de todos captado por uma antena. Porque o poeta é antena, radar, que capta e fixa a poesia esvoaçante do cosmos. É templo onde aterrissa a Deusa da Beleza.
            O poeta tem em si a recompensa de tudo. Não há de ser complexo. Porque a poesia é insulamento. É sacrário. É oração em silêncio.

            Não veja no ambiente externo, nem na trama da vida, qualquer óbice à vitória. Porque a poesia é a integral realização de si mesmo. Não conhece o paredão da inveja, a cortina de ferro da indiferença, do despeito. Não se prende o invisível, nem há muros de Berlim para as vibrações do Belo.
            O direito do poeta é viver. O dever do público é aplaudir. Se o homem vive pelo pensamento, só vivem as terras onde há quem saiba pensar.
            Como é gostoso se ver que há, em nossa terra, “top intelligences”.
            Que Deus deixou pingar, nos rosais de Virginópolis, tanta estrela, a fitar, hoje, as irmãs do firmamento. Viva a poetisa. Reze a Deus, na poesia; e, pelos seus raios, como pelos degraus da escada de Jacó, ascenderá triunfante, a graça de Deus.
            Nossa terra, que beleza!
                        Que riqueza!
                                   Quanta flor! – hein, Dona Maria?!





3 comentários:

  1. Querida Celina
    Saudações!
    Agradeço-lhe pelo carinho em homenagear minha mãe, a Maria Efigênia a Marfisa e fazendo isto por meio da sensibilidade do seu pai que tem o dom de lapidar as palavras mas com extremo amor.
    Considero que este seu gesto nos reúne em uma fraternidade que a gente supunha, bestamente, que andava perdida, mas não, você comprova tudo neste gesto de amor!
    Um forte abraço.

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  2. Celina

    Agradeço-lhe a gentileza de sua homenagem a minha mãe, Maria Efigênia de Souza, através do texto carinhoso que seu pai ─ Dr José Rabello ─ dedicou à minha mãe. Vale acentuar que a admiração e o respeito, entre eles, eram mútuos.
    Um grande abraço.
    Maria Efigênia de Souza Lima

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