DO SÃO BENTO AO CARAÇA: JOÃO FARIAS
J.UM
Virginópolis antiga - MG |
Ora, bem! no arraial, agregamo-nos à caravana que seguia para o Caraça. Éramos: o Luís Amaral, que retornava para o quarto ano, e a turma dos novatos: Tonico e o seu Quim Bento, Zé Júlio, Zé Lourenço, Elifas, Zé e este criado de vocês, o mais matuto de todos. Íamos de calça comprida, chapéu de lebre de boa aba, ceroula chegando até o tornozelo: no Caraça era assim. Mais despedidas, sendo somente eu o chorão, ao despedir-me da Nica adorada, de Vovó Augusta, Tio Antônio e Raimunda. De véspera, mandara-me papai ao Seu Guedes para um check-up. Seu Guedes recomendava-me não comer dos cocos do Caraça, por fazerem béri-béri. Estava na sala o João Farias e estranhou me mandassem tão novo para o colégio. O Guedes, coçando a orelha, naquele seu jeito característico, acudiu: “Não faz mal, João, é assim mesmo que é bom. O estudo entra bem é na cabeça de menino”. Velho e bom Seu Guedes, caracence da gema, pai dos ricos e dos pobres, já apresentaste os comprovantes a São Pedro?
Virginópolis antiga - MG |
1º Grupo Escolar Nossa Senhora do Patrocínio em VIrginópolis |
Eta mundão de meu Deus: Penhora, Serra da Gaforina foram acidentes geográficos notáveis que desconhecíamos. Tínhamos tomado bom café na casa do Levi Pereira, e a prosa se foi animando. O Tonico era o mais entusiasmado para ser padre e sacudia os pés no estribo, o tempo todo. O Zé Lourenço, montado na bestinha do Sabino, era, vez ou outra, por ela levado até o meio dos assapeixes que a diabinha da besta empacava mais que carneiro pirracento. Arranchamo-nos no João Farias. O termo é, mesmo, “arranchar”. No rancho de tropa, ao lado do curral batia-se a trempe. Feijão no caldeirão, arroz na panela de alça, e, em primeiro lugar, fumegava o meu grande amigo, o café. Depois, à noite, prosa até a chegada do João Pestana. A gente rezando baixinho: Anjo de Deus, que sois a minha guarda. Dormir.
vasilhame de rancho de tropeiro |
Meu avô Artur Teixeira foi tropeiro, e usava uma trempe igualzinha a essa guardo-a como lembrança.É uma relíquia.
ResponderExcluirQue lindas imagens gostaria de ver mais..
ResponderExcluirSou filha de Virginopolis e tenho muito orgulho disso. Alguém aí se lembra do Vitória capeta, pois e sou filha dele.
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