terça-feira, 15 de março de 2011

Crede Fortiter - 17/08/1969 – "A Peneira" N° 82 - J.UM

CREDE FORTITER  


J.UM


Há certos articulistas que têm o dom de escrever bem. Teófilo de Andrade é um deles. Seus artigos são modelos de pensamento cristalizado, frase límpida, visão penetrante do assunto, fazendo-nos recordar coisas sabidas e mesmo aprender coisas novas ou pelo menos alargar horizontes.

Que coisa perfeita sua manifestação sobre a Noivinha da Pavuna.O homem disse tudo aquilo que pensaram todos os telespectadores cultos ou de bom senso. Esgotou o assunto em poucas linhas, com um gosto de venha mais em nossas bocas ávidas.

Ultimamente escreveu sobre Paulo VI, na epígrafe de “O papa peregrino”.
Conhecimento da História Universal, da História da Igreja, das peregrinações e do papel de S. Paulo, tudo, tudo exato, perfeito, num estilo da claridade da manhã no Rio, vale dizer, artigo gostoso, impressivo. Qualquer teólogo católico podê-lo-ia subscrever. Botou em relevo a atitude do papa, de unificar os crentes no grande combate à ameaça de ateísmo que é o abantesma de todos que adoram a Deus.

É isso mesmo. Unamo-nos, o comunismo por que punem muitos católicos ignorantes é, antes de tudo, a negação de Deus. Afirmar outra coisa é querer tampar o sol com uma peneira.

Já por três vezes ouvimos de speaker de Moscou, com todas as letras: “Deus é uma invenção dos homens”. Nem elegância têm. Quem se preza de civilizado, respeita mesmo a descrença alheia. A liberdade religiosa é reconhecida por todas as constituições democráticas. Afirmar oficialmente que Deus não existe, é próprio de quem ignora a delicadeza.

Os adeptos do esquerdismo são desprovidos de memória e de lógica. Isto é odioso. Sempre de olhos nos Estados Unidos, não lhes perdoam os erros, mas jamais aludem, por exemplo, ao colonialismo brutal que praticam os sovietes na Europa civilizada. Ninguém considera as execuções de milhões ordenadas por Stalin. É, infelizmente, o mal de nosso tempo é a falta de sensibilidade, moral, o modo de afirmar tudo o que está sendo afirmado. Quantas vezes terá sido dito, na imprensa mundial, nos livros e revistas, que Stalin foi um dos tiranos mais odiosos que a humanidade já produziu? Porque foi astuto para dominar com pulso de ferro qualquer sombra de oposição, passa por um grande estadista, um vulto respeitável da História Universal. Nunca o será para quem pensa conscientemente e não se deixa acarneirar pela propaganda toda oriunda da astúcia e pertinácia do comunismo, coadjuvado pelos profiteurs de todos os matizes e pela imensa estupidez do mundo ocidental.

A economia é um consectário da atividade humana, do instinto de previdência inerente à noção de responsabilidade. Não é regra diretriz da vida, porque então geraria o materialismo, negação de Deus.

Há quem ache que o erro de Marx tenha sido envolver a religião em sua doutrina. Enganam-se. O rótulo econômico é douradura da pílula do materialismo. Se não envolvesse a negação de Deus, é possível que já houvesse o comunismo dominado o mundo, apesar de não ser defensável a estatização da propriedade. Mas é que a essência do comunismo é a negação de Deus, como afirma oficialmente para quem quer ouvir, a Rádio de Moscou: “Deus é uma criação do homem”. É o “non serviam” repercutido nas abóbadas do mundo visível como ecoou outrora da boca de Satã entre os ventilhões  de seus anjos sequazes.
Já foi o comunismo, em sua única forma passível, praticado entre vários povos selvagens, como um estado natural de vida, sem domínio de cúpula, como na Rússia e na China, sem opressão da camada inferior que lá existe mais numerosa e degradada que entre as nações democráticas. Não impedia que acreditassem em Deus e o adorassem.

O comunismo é tão hipócrita, tão pérfido e sem entranhas que não seria novidade estarem a Rússia e a China pantominando hostilidades para adormecer o Ocidente teorista, confiado e bobo.

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