quarta-feira, 16 de março de 2011

Fala o Paraninfo - 22/12/1968 - "A Peneira" nº 58 e 59 - J.UM

FALA O PARANINFO 

J.UM    

(Discurso proferido como paraninfo da 1ª turma de formandos do Colégio Normal Virginópolis/1968, conforme atesta a listagem de alunos em "A Peneira" n° 56)


Dr. Rabello, em Belo Horizonte.

Que esperais que vos diga, no dia de vossa formatura, quando, após anos e anos de luta cotidiana, vedes coroados vossos esforços, quando, vencida a cumeada da montanha, vos debruçais em seus rebordos e avistais a perder-se de vista a imensidade dos caminhos?

Dir-vos-ei do júbilo com que vossos queridos atiram flores que coroem vossa vitória. Dir-vos-ei das almas que estão a vibrar de alegria e de doce orgulho para  vos colherem nos braços e viverem convosco esta hora feliz, na plenitude do benquerer e da ternura.

Dir-vos-ei dos votos que formulamos por que esta vitória em outras muitas se desdobre, que compensem o empenho com que levaste de vencida tantos escolhos.

Dir-vos-ei dos parabéns que vos dá e das esperanças fundadas que a nossa cidade em vós deposita.

Toda conquista se realiza pelo trabalho de cada dia e pelos atos repetidos de energia.
É um caminho que se inicia dentro da noite da incerteza, aos impulsos de um instinto salvador. Avançamos e progredimos, passo a passo – assalta-nos, por vezes, o esmorecimento, mas, como os corredores olímpicos, insistimos na contenda, e, a certa altura dessa noite, à luz distante da madrugada do futuro, começamos a divisar os clarões imprecisos da cidade do ideal, o qual é a realização de nós mesmos e um empréstimo de transcendência às aspirações primácias da vida.

Essa busca não tem descanso, e, mal chegamos ao que se nos afigurava um campo de repouso, tangidos somos para o avante, porque, como o horizonte físico, o do ideal sempre avança e se dilata.

É como a vida – viver é fluir – e como o curso dos grandes caudais que mais se avolumam e se engrossam, até se perderem na vastidão do oceano.

Mal venceste uma etapa difícil, já iniciais uma outra, num tempo de transformações, de rápidas e fantásticas transformações, quando se desvendam os segredos da matéria, num novo ritmo acelerado, quando se multiplicam as nações e se colocam em mãos incertas novas armas de escravidão e de ruína, quando a evolução abala e desloca velhos valores e destrói antigos conceitos.

Assim, o exército dos militantes do intelecto terá que ferir uma batalha porfiada e constante para forrar os cidadãos futuros, a atual mocidade, e dentre ela os que são líderes, de uma formação de resistência, de propósito de luta.

Vossa tarefa, meus caros amigos, conquanto oculta, vai ser heróica, e a sua relevância será maior que todos os avanços da técnica e todas as conquistas da ciência, porque ides plasmar mentes e corações, o pressuposto de todas as possibilidades que dão sentido e nobreza à vida.

Fico, às vezes, a pensar na impressão do viajante espacial que se dirigirá a um dos nossos planetas vizinhos. A certo ponto da jornada, lhe aparecerá a Terra toda, redonda e azulada, com o espelho tranqüilo das águas oceânicas e o traçado nítido dos continentes. Naquela bola azul e naquele balão fantástico que mais semelha um brinquedo das crianças num país de fadas, quanto trabalho e quanto tatear pela estrada da História, quanto avanço e quanto fracasso! Durante milênios lhe ignorou o homem a forma e o movimento; acreditou-a plana e firmada sobre uma grossa coluna ou apoiada ao costado de colossal elefante.

Foi preciso que o gênio latino se aventurasse às ondas pejadas de lendas e ameaças, para desvendar uma terra virgem e insuspeitada do outro lado das ribanceiras do Atlântico. Foi necessário que o engenho lusitano, no maior cometimento náutico de todos os tempos, através de mares nunca dantes navegados, perfazendo o périplo do planeta, cingisse o globo com a faixa prateada da audácia, demonstrando-lhe a esfericidade e o movimento.

Pois bem, para o viajante espacial, na ogiva da nave aérea, a Terra é apenas um ponto diminuto, parte de um sistema solar dos mais humildes na barra da Via Láctea. E foi nesse globo, ao mesmo tempo tão gigantesco e tão pequeno, que o homem, - que se julgou tão grande e se fez tão orgulhoso nas elevações de sua filosofia e nas pesquisas de sua escassa ciência, se tem odiado e se tem empenhado em tarefas tão ingratas, na perseguição de alheias crenças, nos embates de povos contra povos, em guerras de extermínio e de conquistas, em revolta contra o Criador, em conflitos de superioridade racial, no sofisma do espaço vital, no expurgo quase integral de um povo nômade, na hecatombe de milhões nas aras de sistemas tresvairados.

Numa Terra tão linda, vogando como um berço azul nas vagas do espaço, como brinquedo nos dedos faiscantes de Deus, deveria de ter havido um espírito de suavidade e de poesia, um afã de construção e de solidariedade, uma ânsia descontinuada na busca do melhor.

Nessa Terra, não deveria de haver lugar para divisão e para a dúvida, para a luta fraticida e opressões de uns poucos sobre a massa infinita dos mais fracos. Deveria haver amor e carinho da parte dos pais e dos mestres, e de ternura e veneração do lado dos filhos e discípulos. Devia de haver trabalho harmonioso como o das colméias, mas sem a exploração dos zangãos e poderosos.

O espírito humano de cooperação, ungido pelo ensinamento cristão da caridade já devia de governar a terra, transformando-a toda no jardim de delícias da doirada aspiração humana.

O que vemos não corresponde a essa expectativa. Nunca, como agora, tanto avançou em conjunto o conhecimento humano. O progresso da medicina, o avanço da mecânica, a exploração aprofundada da psicologia, os achados sensacionais da parapsicologia, a descoberta e aplicação de forças desconhecidas da matéria, as espetaculares façanhas das viagens espaciais, o estudo científico das línguas, o progresso da pedagogia, - tudo isso deveria estar preparando o mundo para uma prosperidade jamais vista.

Mas o respeito ao indivíduo foi modificado pelos regimes de força que propõem a massificação dos homens. Que vemos no comunismo que está a afivelar a máscara do socialismo – conceituação que briga com a lógica? A classe menos apta a dirigir, como expoente de uma comunidade, mentira aliás  do governo de uma cúpula de nababos. A economia erigida em política do Estado e colonialismo soviético à plena luz do século xx, exercido com toda a  brutalidade tartárica,  sobre nações superdesenvolvidas da Europa. O indivíduo  valorizado em zero. A aspiração ao domínio mundial, quando o stand de vida da Rússia está longíssimo de servir de padrão da mediania de conforto. Regime de ferro, lógico na sua maldade, persistente e vigilante, tenaz como a saúva no perseguir o domínio do mundo. Pensemos bem na afronta que faz às nações qualquer regime e ideologia que queira, “per fas et nefas”, se impor ao mundo.
Falhando a tentativa da conquista brutal pela invasão, ele persiste no domínio mundial, pela cabeça de ponte da ocupação dos postos-chave, como se viu no Brasil, pelos votos dos nacionais ingênuos ou pelos vendidos aos seus cofres.

Por isso, desnorteia, disfarça, agita e age.

Sejamos lógicos. Como pode trazer a liberdade, cujo pressuposto é o espírito, a ideologia que nega o destino eterno do homem? Esquecer-se-á do que disse Lenine: que nunca triunfaria, enquanto o mito de Deus não fosse apagado da mente humana? “Reum confessum habemus”.

Há, ao lado, os países exploradores, os eternos piratas da terra e do mar. Há os horrores milenários de que é fonte o capitalismo. O mundo é governado não só pelos que negam a Deus, mas, de muito antes, pelas grandes empresas e corporações, pelos tubarões das grandes indústrias, que ditam a paz e a guerra, pelo desenfreio do monstruoso comércio internacional, por aqueles cuja opulência é uma afronta à fome e aos molambos dos miseráveis e dos que se matam de sol a sol para conseguirem vegetar.

A grande verdade de que os extremos se encontram é o desprestígio com que trata aos intelectuais o capitalismo, e a servidão em que os mantém jungidos o comunismo. Há, pois, na direita, como quistos e corpos estranhos inquietantes, os detentores das situações tradicionais que renitem em se perpetuar. Há a teimosia dos grupos privilegiados que deturpam a democracia, dela fazendo uma plutocracia ou uma aristocracia às avessas, e sobretudo, o capitalismo, que é o seu nematelminto. Frisemos que o egoísmo dos tubarões, a coisa mais repelente que ilumina o sol, é a praga mestra que solapa a democracia até hoje tão mal entendida e tão maldosamente interpretada, justamente, para permitir a sífilis do capitalismo e a lepra dos grupos eternos.

A democracia é a única forma de governo que nos merece inteiro respeito. Os que se lhe apontam, não lhe nascem do cerne, mas da desinterpretação que se lhe dá e da má fé com se pratica. Cabem dentro dela todos os preceitos evangélicos, cujos consectários lógicos nunca se deduzem devido ao egoísmo e à inconsequencia humana, que se expressam na persistência de grupos de parasitas, dos aproveitadores, dos carreiristas, dos detentores hereditários do comando, dos profissionais liberais que se vendem, dos especuladores perpétuos que se casam com a filha feia do patrão milionário.

 Há os horrores de que é causa o capitalismo, não há dúvida, mas ele é um vício de pacto abjeto que se infiltra em todos os regimes. Seja assinalada a mania herdada dos regimes de força, de endeusamento do indivíduo, mesmo os mais celerados. Para onde foi a balança do espírito humano? Hoje, como nunca, se estuda e se lê. Há elites do pensamento e das grandes indagações, há cientistas e desbravadores. Esses fazem girar a roda do tempo e do progresso humano, mas não nos deixam liderar os corvos e os rapinadores das situações, os traidores da alma humana. A humanidade deixa-se governar e impressionar pelo programa, pelas idéias dos escravos do capitalismo ou pelos vendidos da esquerda, eunucos abúlicos do pensamento, degenerescências da espécie, como florestas ressequidas em que qualquer incêndio se propaga. Lavra a onda do modernismo sem análise dos conceitos e dos fatos. Na questão específica do ensino, vigora a supervalorização da nomenclatura, sem o fundo valente da realidade, o exagero da metodologia com a subestimação do conteúdo, a preocupação pragmática sem o forro clássico do preparo.

A leitura numerosa, sem a pausa para a assimilação. A tendência da teorização em excesso, a supervalorização de uma faceta da realidade como representando
o todo. A filosofia de um ponto de vista como teoria geral da vida. Tudo isso agravado e avolumado pela extensão da área de contaminação e difusão, em que operam as forças dissolventes como cânceres tentaculares sobre a fraqueza do subconsciente coletivo. E a humanidade a aceitar tudo isso, embasbacada a sorver teoria por atacado, na receptividade estupefaciente para todos os desvarios, quer da filosofia e da política, quer para os da sociologia, literatura, música e artes plásticas. A par disso, a revolta, a revolta indeterminada de tonalidade homofônica contra todos os padrões do passado. Do choque de idéias, da solicitação dos contrários, surdiu a vontade amorfa.

Releguemos as crenças do passado e creiamos em novos mitos formais, absurdos, já que nos falta a vontade e o arbítrio, deixemos que outros pensem por nós, e, neste meio tempo, entreguemo-nos ao gozo e aos excessos, soltemos o freio às paixões. Abdiquemos da vontade própria e tenhamos horror ao esforço. Deixemos que outros pensem por nós.

Por isso há um florir de intensidade selvática de todas as flores do mal. Há o espetáculo renovado, aumentado dos dias da decadência do Império Romano do Ocidente, ou da Atenas cheia de curiosidade preguiçosa, que apareceu, na Ágora, ao Apóstolo das Gentes: “panem et circenses!”

As sugestões do rádio e da televisão, a música mercantilizada, a imprensa de sensação, enchem a mente de quadros desconexos e desajustados, de visões obsedantes, sem o crivo da meditação e da crítica.

Os onímodos meios de comunicação transportam no mesmo dia ou no mesmo instante, todos os acontecimentos e informes, tornando-se o povo o recipiente passivo, um acumulador inconsciente, sem folga para análise e sem critério de seleção. É a quantidade contraposta à qualidade. É a gula da novidade. A novidade, contudo, nunca foi critério de aceitação nem categoria absoluta do merecimento nem serão, tempo algum, superáveis os padrões eternos da inteligência e do bom senso, da moralidade e da conduta humana. A justa medida e a sobriedade sempre serão as normas da inteligência e do bom gosto.

Havia, em tempos antigos, ao lado do aceitamento das inovações, certa homogeneidade com o passado. Hoje há um brusco quebra-mar de todos os padrões, numa iconoclastia de loucura. É certo que a sociedade é, por excelência, dinâmica, porquanto vida é movimento. Assim, natural que haja uma procura de novos rumos que se afastem de situações anquilosadas e intoleráveis. O pior, entretanto, é que uma orientação oculta procura arrastar os homens, sob o calor de mudança, para o corolário de ideologias escusas. Com tudo isso, é difícil a formulação do problema do nosso tempo, talvez irrepetível em outra instância histórica, porque parece ter ele o caráter de marco definitivo da estrada da vitória da espécie humana ou de curva temerosa para a perda irremediável da liberdade.

Se pudéssemos, no estudo social, usar o truque cinematográfico da inversão do movimento, haveríamos de verificar o encadeamento e a engrenagem dos quadros psíquicos coletivos que têm o seu desaguadouro na foz inquietante desta crise de visão e de ética.

Não há, porém, dúvida de que a maioria dos desacertos é originada das toxinas, filtradas no organismo das comunidades, pelos remanescentes dos regimes absolutos e pelo capitalismo sem entranha, por todos aqueles que forrados dos maus instintos dos ex-escravos, estão de contínuo, dispostos às revoltas covardes dos em que a personalidade é uma ausência.

Eis o quadro de fundo que projeta nas luzes da ribalta a juventude, que, por ser antena mais vibrátil a todas as ondas, se deixa imbuir pela propaganda. Juventude vítima, juventude boa, sempre idealista e sempre esperança, trazendo em si a ânsia de dias melhores para a Pátria.

Juventude que se arrisca nas passeatas de protesto, juventude, parte mais sagrada das nacionalidades; que é atirada sem dó ao holocausto da guerra, juventude, sempre pronta a perdoar, juventude que cultua os grandes homens e não os olvida quando atirados ao ostracismo. Juventude como vós. Juventude que vai ser o objeto de vossa solicitude, em quem ireis instilar todo o bálsamo da vossa bondade toda, a reserva do vosso saber. Em vossas mãos tereis essa argila maleável que ireis modelar em cidadãos prestantes, aptos a tomarem a si os encargos da comunidade e a edificação de um mundo mais ideal. Nela infiltrareis os princípios do patriotismo esclarecido e os anelos da fraternidade universal. Opor-vos-eis mansa e sabiamente a que se deixe arrastar por tudo o que fira as normas do bom senso, a dignidade do homem e os direitos de Deus.
Combatereis, entretanto, para que nela jamais penetre a mentalidade refratária que luta em vão contra uma corrente avassaladora do pensamento, que já saltou por cima das construções de um passadismo melancólico e dissolvente.

A juventude merece o vosso amor e o vosso esforço. E ela é hoje uma grande abandonada. Abre-se-lhe, sem reserva o bolso, e fecha-se-lhe o coração quando ela precisa mais do nosso carinho e do nosso tempo, que eles são a própria vida.
Bem mais lógicos os antigos que muito exigiam dela, mas a vigiavam, a assistiam e lhe dispensavam um carinho mais sério. Deixamo-la à vontade e o seu tempo se prolonga. Ma ela, despreparada de responsabilidade e desmunida de freios morais, penetra cedo no mundo escuro do instinto adulto. Verificareis que nos compete analisar menos as atitudes dos moços do que nosso comportamento para com eles.

Surpreender-vos-á que muita pequena vida que ia crescendo destorcida se endireita e se revigora e se agiganta com um simples gesto de compreensão e de interesse, uma palavra bálsamo, um ato de tolerância ou de bondade na hora exata de um conflito interno, de uma depressão ou de um recalque. Admira-nos em geral o que dos animais obtêm os domesticadores, quando tantas coisas  maravilhosas conseguem  daqueles entes em que apenas pulsam os instintos primários. É a vitória da paciência e do carinho, dos sábios ardis, da persistência e, sobretudo, da fé na capacidade daquelas humildes almas perecíveis. A fé! Se com ela se removem montanhas, ela é o primeiro pressuposto na formação da mocidade. Disse alguém: “é preciso crer na mocidade como cremos em Deus”. Jamais vi um pensamento mais justo e mais lindo. Enchei essa mocidade de fé em si mesma, de entusiasmo, de idéias generosas, de amor à liberdade ordenada, do senso grave da ordem, do sonho de abundância para todos e dos anelos da
fraternidade universal.

Formai-lhe o espírito de crítica e de medida, de amor à liberdade, de modo a não se deslumbrar pelas aparências estrepitosas dos regimes que a sufocam. Mostrai-lhes que os sistemas totalitários poderão produzir foguetes espaciais e divisões de infantaria invasora, mas que serão sempre um trágico fracasso, porque o progresso não se mede em termos de consumo de calorias ou de produção de refrigeradores, mas em termos de ordem humana e espiritual, na expressão do bem-estar coletivo.

Pouco importa que não vades encontrar grandes incentivos em vossa missão, que não hajais de ter remuneração eqüitativa que vos permita uma vida mais plena. Pouco importa que se vos depare o indiferentismo ou a incompreensão. Pouco importa o muro de silêncio entre a escola e o lar. Fareis o vosso dever, e o fareis também porque a mocidade se inclina a todas as solicitações generosas. E dos moços podereis dizer a palavra belamente brutal de Ozório ao batalhão de Fortaleza: “Cearenses, com vocês eu vou até ao inferno!”.

Dar-lhe-eis, pois, dedicação, ternura e fé. A Providência talvez vos confie crianças a quem falte quase por completo a solicitude paterna. Educando-as, estareis, quem sabe, preparando cientistas e líderes, pioneiros ou santos, tanto é verdade que são inescrutáveis os desígnios de Deus, que faz rebentar flores de beleza tanto dos jardins da opulência como do pantanal inculto. Estareis, assim plasmando um mundo do futuro, menos dramático e menos cheio de tensões, sem a sombria apreensão que povoa de negro a grande solidão dos homens do pensamento. Do vosso trabalho conjugado dependem as esperanças do mundo, um futuro em que já não seja possível a traição de Pearl Harbour, o apocalipse de Hiroshima, o esmagamento da Hungria e Tchecoslováquia, os crematórios e vagões de gases da Polônia, os expurgos em hecatombe dos Kennedy. Já não pairará sobre os homens o abantesma da guerra fria e do medo.

Vamos pedir a Deus que a síntese de todos os choques seja uma síntese de avanço para uma humanidade maior e mais digna da liberdade. E vós, caras afilhadas e afilhados, recebei nossos amplexos e felicitações calorosas. Vós sois a coroa da nossa glória. Nós, vossos pais, por vós vivemos, e dia a dia, seguindo as vossas conquistas, sentíamos erguer-se em nós, como numa represa de afetos, cada vez mais impossivelmente a onda do amor. Por vós nada fizemos. E se algo fizemos, fizemo-lo por nós, pois sois vós a razão de nossa vida.

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