DO SÃO BENTO AO CARAÇA: JUVENTINO DIAS
J.UM
Quando o vi, a primeira vez, foi em 1916. A casa-matriz de Santa Bárbara era um nome que corria o Nordeste mineiro. “Fulano de tal vendeu o café para o Juventino”. Bastava dizer “Juventino”, como quem diz o Presidente do Estado ou o Papa. O Cel. Juventino Dias era o fornecedor do Caraça. Toda semana vinha a tropa, arreada pelo Pedro, pegar o mantimento ou a mercadoria, em Santa Bárbara.
Passaram-se os anos, e, mais tarde,
Juventino Dias é um valor moral. Enriqueceu pelo trabalho tenaz, pela honestidade comercial, pelo descortino dos negócios e pela rara prenda de ser amigo daqueles com quem negociava. Para o político e para o alto negociante tem suma importância ser bom fisionomista.
Contou-me uma sobrinha que, quando estudava no Pio XII, sendo já fim de ano, precisava de cinco contos de réis. Não tendo tempo de pedir dinheiro ao pai, no interior, dirigiu-se à Irmã Superiora. Esta conversava, na portaria, com o Coronel Juventino Dias. Enquanto a menina se entendia com a superiora, Juventino nela reparava. Depois, lhe perguntou donde era. Ao responder-lhe que era de Virginópolis, indagou dela o que era do Chiquinho Campos. Disse-lhe a moça que era sua filha. Juventino foi logo tirando os cinco contos e lhe entregando. Fazendo a moça cerimônia em aceitar, disse-lhe Juventino: “Ora minha filha, seu pai é meu amigo antigo. Aceite, faço questão. Seu pai depois me paga. Bem eu estava vendo, pelos traços, que você tinha de ser parenta do Chiquinho”.
Gestos como este revelam um fisionomista e um caráter. Juventino lidara, em Santa Bárbara , com centenas de tropeiros, e não se esquecera de um deles, que não via, cerca de trinta anos atrás.
prédio com sinais do incêndio |
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