QUANDO
J.UM
J.UM
Quando a expressão morrer,
quando a luzerna da palavra
tremeluzir e se apagar.
Quando os olhos virem, e a fagulha
do cérebro registrar
como a fita gravada
que dorme enrolada
sem o pungir da agulha;
quando for pó e silêncio
o trilhão de letras
no cemitério da página,
quando a língua for costurada na boca
e os lábios fechados para o som.
Ainda haverá assírios barbudos e gigantes
no recorte da mata da lombada dos montes
ao por do sol;
Inda no canteiro trilará o grilo
e o rio garapento rolará as histórias antigas
que o verbo matou;
e a asa fosca do urubu desenhará
triângulos no azul,
e a árvore antiga florirá de amores
e de música.
Então,
na orquestra dos mundos
o vozeirão surdo das esferas
será sagrado
como o silêncio cinzento.
No espírito
os sítios do aquém e do além
se fundirão:
as bandeiras do subsolo
das cidades e das almas
se desfraldarão gloriosas,
e o ouro será fulvo
como o leão do deserto.
E o espírito de antes do primeiro dia
boiará sobre as águas,
e surdirá dos fundos do possível
a madrepérola irisada
da Guanabara
da poesia...
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