LÁBIOS
J.UM
J.UM
Teus lábios,
dois emes convergentes
cheios de ondas amargas
da ânsia encapelada
do mar.
A
palavra roça teus lábios
como barco suave
tocando o friso das vagas,
murmurando
o inexprimível,
o que
eu desejaria ouvir
e
não ouço.
O
pavilhão ressoa vazio,
porque meu ouvido
é ponto de interrogação
fremente,
atento,
desapontado.
Ó
sons cheios de silêncio,
ó possibilidade impossível,
ó saudade do futuro!
Ó vozes de lábios fechados,
ó ondas,
o fremir líquido
da letra e da carne,
porque não vos
fazeis ouvir
do meu
ouvido,
da muda
interrogação anelante?
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