MILHARAL
J.UM
J.UM
Milharais ao vento!
Milho.
Celeiros e paióis;
bocas hiantes à tua espera.
Espera das espigas
dentes do dragão da fartura,
avultando nas rumas,
na cama da madrugada,
bezerros amontoados em branco
nos currais da meia-luz.
Bandeiras de milho, no silêncio da bruma.
Vem a tropa
dos cargueiros pacientes,
brasileiros
que a gratidão esquece de pôr em bronze.
Vão transportar nos dorsos suarentos
as espigas moças,
que já foram bonecas.
Incas. Maias. Astecas.
Milho que deu força aos braços
que ergueram Tihuanaco,
músculos para o arco dos combates
e da caça,
energia a Camarão,
sangue quente a Henrique Dias.
Milho que o monjolo vai socar,
para o angu das crianças da Pátria.
Choro branco dos moinhos, dentro do escuro.
Corá e pamonha, no café da manhã.
Farinha cheirosa, no almoço e na janta.
Milharal! Turismo dos queixadas
e do caititu ruivo,
das tiribas e jandaias.
Carnaval dos macacos fistolas,
que descem das favelas da mata,
com o Filipe à frente
e o Chico atrás,
com a vara na mão.
Milho do Brasil, pai de nós todos.
Milharal, onde o vento farfalha gostoso.
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