Discurso Escrito para a Paraninfa, Dª Maria Aguiar.
Discurso escrito por José Rabello Campos, para sua mulher, Maria José da Aguiar Coelho, proferir como paraninfa de uma turma do 4º ano primário do Grupo Escolar Nossa Senhora do Patrocínio, de Virginópolis - MG.
Não
posso desincumbir-me deste paraninfado como o faria Dª Neide, com seu preparo e
inteligência. Mas, incumbida por ela, tenho que desempenhar-me como me é
possível, para com vocês.
Em
primeiro lugar meus parabéns, pela grande data e pela vitória que vocês conseguiram,
terminando estes quatro anos de aprendizado das primeiras letras. Tenho certeza
de que suas professoras se esforçaram por que fosse esse currículo um tempo
feliz.
Graças
a Deus, que em vocês nós podemos ver a vitória do Brasil contra o
analfabetismo, a vitória essencial para as nossas conquistas, o primeiro passo
para o nosso ideal de ainda virmos a ser uma grande nação instruída, que passa
a aproveitar todas as vantagens advindas de nosso grande território,
indiscutivelmente cheio de vastas possibilidades.
Os
alunos que frequentam a escola com espírito de seriedade, que acudiram, cada
dia, às aulas com propósito firme de aprender, de dar mais um passo à frente,
esses alunos, estou certa, hão de sentir saudades da época escolar e hão de
reconhecer que suas conquistas na vida tiveram como base o tempo de escola, com
os rudimentos bem aprendidos aqui, com o espírito de disciplina aqui havido,
com a ânsia de perfeição aqui alimentada, ânsia de perfeição que, só ela,
faz os grandes homens e os grandes povos.
Que
minhas palavras sejam ainda uma lição para vocês, sejam conselhos que os
acompanhem em sua vida, sejam votos a Deus pela sua felicidade completa. Porque
as mestras são como as mães: preocupa-as o futuro dos alunos, os filhos de seu
coração.
Vocês
terão muito que recordar sobre o que aprenderam na escola e muito que recuperar.
Quando
examinamos sem paixão a questão do ensino primário, somos forçados a admitir
que a escola antiga se desempenhava bem de sua função e preparava melhor os
alunos. As classes eram menores e menos complicado o programa. Ensinava-se a
ler com desembaraço, a escrever sofrivelmente, a fazer com perfeição as quatro
operações e davam-se aos alunos boas noções de História Pátria e de Geografia.
Podemos chamar a estas matérias as ferramentas da instrução. Toda instrução
posterior se assentava nestes sólidos alicerces. Hoje se fala em estrutura da
educação, a qual abrange todas as espécies de conhecimentos, habilidades,
artes, maneiras, gestos, princípios de ação e cousas semelhantes, que os alunos
devem adquirir e que os ajudem a viver mais completamente a vida plena de que
cada um é capaz na sociedade em que as circunstâncias da vida o atiraram.
Infelizmente,
a professora tem que seguir o programa que lhe é imposto e não lhe é dado
revoltar-se contra as reformas apressadas e sempre renovadas do ensino no
Brasil.
Se for isso a real estrutura do ensino, mas... como
construir tudo isso, antes de possuirmos as ferramentas indispensáveis que a
escola antiga tão bem ministrava? É como se tivéssemos de construir as frisas
de um edifício e orná-las, ao mesmo tempo em que fabricássemos a trolha e o
compasso e cimentássemos as pedras do alicerce. Não nos cabe a culpa desta
situação, e tenho certeza de que suas professoras se esforçaram, dentro do
humanamente possível, por prepará-los para a vida e para os estudos
secundários.
Cabe
aos alunos que deixam a escola, preencher estas lacunas inevitáveis do ensino
primário de hoje. E tempo, terão de sobra aqueles que aprenderam a aproveitá-lo
e que lhe dão o valor que ele tem realmente. O tempo é a vida.
E
qual a atitude que deverão ter vocês na vida? Uma atitude de seriedade.
Seriedade é esforço, é luta, é cansaço, é trabalho.
Combatamos
a crença que se está espalhando, na escola e fora dela, de que o bem se
conquista sem esforço. Não! Civilização e instrução somente com esforço se
conseguem. Nunca houve grande homem, intelectual de valor que o viesse a ser
sem esforço, sem trabalho de todos os dias, sem luta heróica contra a
indolência que nos puxa para trás, sem ânsia de perfeição.
Devemos
fazer tudo bem, ser exigente para conosco. A ter de fazermos mal qualquer
cousa, é melhor deixarmos de fazer. Muita gente confunde falsa vivacidade com
inteligência, inquietação com progresso e fachada com instrução. Não! Não há
inteligência sem concentração e recolhimento, não há progresso sem ordem e
disciplina, não há instrução sem fundamentos sólidos como a rocha e o concreto.
E
também: civilização não é casimira e seda e nylon, nem piscinas e aviões.
Civilização é valor pessoal, é honestidade, é eficiência nas próprias
atividades, é trabalho disciplinado, é sentido de ordem e de método. É
honestidade. O capinar persistente, metódico, disciplinado, que se esforça por
um serviço inteligente e perfeito – é muito mais civilizado que o granfino
parasita e gozador que frequenta os bailes e as piscinas, com sua ignorância
profunda e sua imoralidade sanguessuga. Um é um brasileiro que honra o Brasil e
lhe faz falta; o outro é uma nódoa e uma vergonha.
OBS:
Infelizmente, este texto está incompleto, sua continuação está desaparecida.
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