MINAS
GERAIS
J.UM
Menina, que eu topo no caminho, às vezes,
voltando de casa para a Escola Normal.
Teu pai, a cavalo, atrás de ti, que mau!
Tu, lépida como uma alvéola saltitante
pisando, elástica, a terra cor de chocolate,
à luz crua do céu.
Olhos de preto-verde-azul.
Acabou-se, menina, teu feriado.
Volta para a Escola.
Mas eu fico a te olhar, feliz!
Tua raça é indefinida e subtil.
Uma mistura de tudo quanto é forte
no Brasil.
Teu crânio é dólico.
Teu cabelo, cortado, conciso
é preto e castanho e liso.
O arco de tuas sobrancelhas é perfeito.
Tu és forte. O teu passo
é mignon como o da juriti.
Tu andas de busto erecto.
Quantas como tu por aí,
gente bonita, flor de uma raça!
Olhos de gatinha,
com raiva, no escuro.
Tu és gente pra valer.
Tu és Minas,
serrana de músculos duros.
Espigada, seivosa, piriforme,
violão ambulante,
colunas afuseladas,
no estilo das grandes capitais.
Tu és a geografia da esperança,
terra roxa,
terra que dá tudo que se planta.
Menina, tu és Minas Gerais.
Tu és Eva, mãe dos viventes.
Estuda, escolhe,
procura um noivo no jeito,
casa bem.
Anda direito,
não vás em conversa fiada de limitação!
Tu és semente de Minas.
Nada de pílulas. O tubarão
dono do capital,
não vê com olhos bons
esse aumento em progressão
geométrica de nossa população.
Sim, repara em Colombo buscando
além do Oceano Atlântico profundo
a América viçosa.
Atenta em Pasteur multiplicando a vida,
para abrir aos Latinos
o domínio do mundo.
Olha que foste eleita
para dar machos a Minas.
E eu fico pensando
quanto povo futuro
em teus flancos pulula.
Vais dar a Minas gente teimosa e dura,
rudes bandeirantes,
raça de gigantes de Saint Hilaire.
Menina, tu és brasileira,
tu és mineira,
tu és mulher.
Segue.
Gosto de te ver um instante,
nesse andar triunfante,
mulher que não acaba mais.
Ai! Minas Gerais.
Nenhum comentário:
Postar um comentário