CANTANDO
J.UM
O
córrego limpinho,
cor
de espelho de cristal,
desceu
do monte,
num
leito de pedrinhas brancas,
pela várzea risonha
coberta de
flores.
Cantou
na fonte
da
primeira choupana,
dando
alegria ao pobre,
embalando
as crianças de mama,
cantando,
dentro
da madrugada clara,
canções
que aprendeu
com a mãe
d’água.
Seguiu
pela campina
e
foi topando
outros
córregos meninos,
inexperientes
de sair de casa,
cantando,
assim mesmo,
pelas veigas
e barrancas.
Juntaram-se-lhe
e foram
cantando,
em
caravana de ribeirão,
fazendo
gemer monjolos
-him!
bagadão! -
pondo
os rodízios dos moinhos
em
loucos remoinhos
de
risadas de espuma,
na
moagem do milho,
fabricando
a farinha cheirosa,
a farinha
branquinha.
Já
então os outros córregos,
entraram
temerosos
no
grande ribeirão azulado,
que
rola pelos prados,
como
um papa-léguas escolado,
perfurando
florestas
e
cantando em pequenas cachoeiras
nos
fraguedos.
Mais
córregos vieram
e
pequenos ribeirões
juntar-se
ao ribeirão de respeito,
o
manda chuva da região.
sem
mesmo saber como,
virou
um grande rio
de
tronco abarrilado,
como
o fuste de uma palmeira
enorme,
enorme,
deslizando
pelas terras,
arqueando-se
em catadupas,
bramindo
pelas encostas das serras,
caindo
em borbotões estrondantes
da
garupa de pedra de ferro
das
escarpas dos montes.
Foi
tangendo canoas e barcaças,
navios
pequenos até,
vendo
vilas, cidades e arraiais
e
os arranha-céus orgulhosos
de
cidades tentaculares.
E
foi cair, num preâmbulo
de
pororocas sonoras,
ensurdecendo
os ares estáticos,
no
mar grande e anônimo,
cintando
a terra redonda,
como
um Palomar monstruoso,
a
fitar o horizonte leitoso
das galáxias.
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