No MAR
J.UM
À Maria Aguiar
Lua
cheia do leite do desejo.
Estrelas
longínquas,
que
me fazeis criança.
Canções
que não cantei.
Sínteses
intentadas do concreto e abstrato.
Músicas
de quando a terra começou a vagir,
em
berço redondo, no balanço do espaço.
Fronteiras
entrevistas do finito e infinito.
Céus
escuros da Bíblia com brancos indecisos,
imprecisões
de quanto é rebelde ao Efêmero.
E
aquele sonho.
Planícies
solitárias por debaixo da noite.
Ondulações
de sombra na poeira da lua.
Vozes
de fantasmas no silêncio da rua
de
cidade deserta.
Odores
incertos pervagantes na brisa.
Pensamentos, mensagens vibrações imprecisas.
Formas
boiantes no ecran do firmamento.
Arpejos,
melodias soluçantes no violino dos ventos.
E
aquele sonho
Lua, estrelas, canções.
Músicas de claro-escuro.
Neblinas flutuantes sob
o pálio lunar.
Berço da terra errante a
vogar pelo azul.
Solitárias planícies,
cidades solitárias.
Ondulações da sombra,
leite louro da lua,
modulações da luz, vozes
tristes da rua,
Onde
está o meu sonho,
a canção mensagem
que eu quis dizer?
Cruzeiro
embandeirado, conclamando ao porvir,
Virgem
que eu fiz dançar,
na
ribalta espantosa dos signos do Zodíaco,
coroada
da luz das meigas nebulosas,
dopada
do feitiço da música das esferas,
no
concurso estelar das Misses do infinito,
onde
está o meu sonho?
Estrela
que vais tristonha,
como
barquinha a arfar,
velejando
para as bandas do sol-por,
se
encontrares, no mar,
o meu sonho...
Canário-simbolismo
da
canção do ideal,
que
me puseste, incauto,
a
contigo cantar!
Um
milhar de canções
mais
claras, mais pungentes,
mais
altas, mais sonoras,
tristeza
cantando o riso,
alegria
cantando o choro,
hão
de eclodir agora
da
tua garganta de ouro,
embalando,
no esquife das vagas,
o meu sonho.
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