quarta-feira, 23 de outubro de 2013

Pressão -23/02/1969 - “A Peneira” Nº 66 - J.UM



PRESSÃO 

J.UM



 Arrocho malvado

que faz a vida inútil.

Não há já tesouros do passado,

Ideal... futuro...

“Trem” bem mineiro,

sem sentido.



Será que a gente comprou

o bonde do paulista,

ao chorar para o sol

a primeira vez?



Que arrocho! O corpo forte.

A gente, na raiva atroz,

capaz de dar um tiro

em qualquer atrevido.



Vamos cair de joelhos,

apertar o estômago,

estrangular, fazer saltar
este ar preso.



Vamos fazer ginástica flexória,

na bruta,

no duro da goiaba.

Expulsar a pontapé

esse demônio opressor,

esse íncubo das noites alucinadas.



Ah! Façamos o “cotau”,

a ginástica elegante

e poderosa dos faquires.



Dobrar o tronco sobre as coxas

levar a testa ao chão,

num movimento de quem

salta do trampolim para o mergulho.

Calcanhares bem juntos,

pontas dos pés para fora.

Um... dois... três... quatro... vinte!



Não adianta calouro burro!

Tua pressão foi a vinte.

Estás velho, meu caro!



O´ Deus da infância alegre

tem paciência,

dá paciência.



É a pressão! É a pressão!

É o arrocho do Mongol

na sarabanda do Telecatch

da pressão.

Ar preso, uma figa!

Tu é que estás no garrote.










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