POR QUE?
J.UM
J.UM
Por que cérebros eletrônicos,
viagem
à lua, transplante,
e
a eletricidade tão complicada,
geradores,
fios, isoladores e lâmpadas?
Devia
ser como o rádio
e
a televisão.
Por
que tanto binóculo contra Manhattan,
e
tanta peneira nos olhos
para
não ver o Sol Rubro cinquentão de 1917,
surgido
da nebulosa do crâneo de Marx?
E
ele “êi vem, êi vem, êi vem!”.
Por
que tanta gente convencida
e
tanta gente burra,
que
nem desconfia
de
desconfiômetro?
Por
que tantos
tão
persistentes
em
pactuar com a injustiça?
Por
que tanta alma boa
na
amargura, a vida inteira,
debaixo
de uma carga
que
faz adoecer?
Por
que tanta lágrima humilde
derramada às ocultas,
e
tanto riso de safardana
em
que a polícia
devia
baixar a borracha?
Por
que essa bobagem de “superar”
e
esse trem horrível de “conscientizar”?
Por
que tanta poesia em “Alguma Poesia”
e
nenhuma poesia
em
muita charada esotérica?
Por
que tanta gente como Raquel de Queiroz
e
Henriqueta Lisboa,
e
tanta gente como... Deus me perdoe!
Por
que o escrúpulo
que
cansa e arrasa a alma
e
a predispõe às quedas tristes?
Por
que domina nos santos
a
tônica da angústia?
Por
que é que a vida passa
e
a gente fica em pé,
olhando
na treva,
a
escutar as trevas,
como
depois de um sonho mau
que
ainda parece vida?
Por
que, Deus de bondade,
por
que não quebras para sempre
a
forma do acanhamento deformante?
Por
que é a poesia
uma
moça nua em quarto escuro,
e
não quer vestir roupa?
Por
que é a vida
vigília,
vigília, vigília,
sem
a manhã do sonho?
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