quarta-feira, 30 de outubro de 2013

Hino ao Aniversário de Virginópolis - J.UM





HINO AO ANIVERSÁRIO DE

VIRGINÓPOLIS 



José Rabello Campos - (letra e música) Vídeo no final

Vista de Virginópolis -  Fórum Dr. José Rabello Campos, 1º prédio abaixo da Matriz, com portais em arco.


De Virginópolis, o aniversário,

celebremos com fervor,                      

toquem os sinos dos campanários

Nossa Senhora do Patrocínio
e os corações ao Criador.



Com união e alegria,

numa só prece de fervor

à doce Virgem Maria,

imploremos paz e amor.

                                                              

Salve, ó Virgem Maria,

volve teu olhar para os filhos teus,

roga, sê nossa guia

junto a Jesus, Pai Nosso e nosso Deus.



No Céu, onde o gozo impera,

debaixo do teu manto maternal,

abriga os filhos desta terra,

de nosso querido torrão natal.



Nota: O "Hino ao Aniversário de Virginópolis" faz parte do CD "Hinos Históricos" lançado em 09 de março de 2000, por ocasião do 76° aniversário da cidade, através do apoio cultural da Prefeitura Municipal de Virginóplolis, na gestão da Srª Maria Aparecida de Morais Ribeiro, nossa querida Cida.

Matriz Nossa Senhora do Patrocínio - Virginópolis- MG

Lá Vem a Água - 15/09/1968 - “A Peneira” Nº 46 - J.UM

LÁ VEM A ÁGUA 

J.UM

 

Lá vem a água

da Fazenda dos Campos,

da Serra do São Bento e Paraguai.

É uma serra só com dois nomes.

Serra de verdade.

Serra do São Bento, com perobas de  verdade.


Serra que verteu para a Terra

a primeira água da cabeceira da chácara.

Serra que mandou o primeiro Carioca

passear em nossas ruas,

cantar em nossos chafarizes.

Padre Bento dando tiro sem chumbo

no turbante medroso.

Zé da Cunha, com a verruga no nariz,

lavando cedinho o rosto ao chafariz.

Cozinheiras com os potes à cabeça,

esperando as companheiras,

para o break do umbigo ao fogão.



Chico Rosa, de madrugada,

correndo as bicas,

desde a rua do Buraco,

espiando, pegando os segredos da noite,

as atrapalhadas do Luís da Ritinha,

e os restos de serenata

do Artur Teixeirinha.


Quanta coisa ficou, Serra do São Bento,

que nos dás o cascalho melhor

dessas Minas Gerais, o maior,

cascalho sem igual,

que não gasta cimento.


Lá vem a água.

Será que eu era capaz,

só com linha e compasso,

traçando paralelas e perpendiculares,

trazer a água cantante,

do terreiro do Cássio,

até junto ao quintal,

do Dr. Amilar?


Que importa? Lá vem a água.

Não mais chistose, giárdia, amarelão.

As crianças, de agora em diante, terão

a pele rosada e fresca,

dentadura perfeita.


Lá vem a água da Fazenda dos Campos.

Trinta trabalhadores, de enxada e picareta.

Manilhas brilhando à noite,

à beira da estrada.

Carretéis rebrilhantes ao clarão do luar,

quebrados impiedosamente por moleques sem pais.


Vamos depressa, vamos deitá-las,

ligadas com capricho no canudo das valas.

Aí vem a tratora bulhenta, serena e certa.

E a estrada vem vindo, vem vindo em linha reta.

Onde havia o meloso, é uma fita sangrenta.

Vamos para a frente.

Sem sangue não há progresso.

O progresso vem vindo caminho do poente.

Rua da Glória em Virginópolis - 1ª casa à esquerda, janelas verdes, residência Rabello Campos.


Na Meia-Luz - 22/09/1968 - “A Peneira” Nº47 - J.UM



 NA MEIA-LUZ 

 J.UM





  










Se houvesse

um mármore dessa cor,

eu seria escultor.

Duas colunas lisas,

penetrando, em arco,

uma enseada,

curva deliciosa,

escavada

em mármore de Carrara

de um tom raro,

de porfiro vermelho-rosa.

Gruta misteriosa,

fonte pura

de um estranho frescor.



Além, acima,

fuste acima,

pompeantes ao sol,

oferenda ao carinho do olfato,

das mãos frementes,

pomos raros

em mármore de Paros.



Duas uvas empoladas,

frutas de muito escol,

quais rubidas romãs,

ou doloridos rubis,

coroando maçãs,

túrgidas, de estranho olor.



Suco sumarento.

Esquisito sabor.

Uvas e maçãs,

pomos de escol,

rebentadas das lavas de um vulcão,

à luz mansa do sol!



Ao alto, no arrebol

do astro a se afundar na cama do poente,

o  alto capitel

ao fundo, o firmamento.

Duas estrelas já fluindo luz,

docemente.



E, pelo todo, plinto, fuste, capitel,

movimentos de alma, amplexos, carícias,

complexos, volições simbolizadas

no lavor extremado do cinzel.

Na hora verde, no pâmpano enlaçante

que envolve as formas cintilantes

das estátuas pagãs.



Anteu - 29/09/1968 - “A Peneira” Nº 48 - J.UM



   ANTEU 

 J.UM



















Olho para o teto da noite.

As estrelas cairão

dentro de meus olhos,

uma chispa da luz vai encher

a gruta do meu peito.



Miro, depois,

no fundo da caverna,

a chispa que a estrela acendeu.

Não sei mais donde caiu

a preciosa luzerna.



Mas ela continua a brilhar.

Arde dentro da sombra

e é meu peito um salão do luar

dentro da solidão.



Envolto na treva tristonha

irei, por toda parte,

seguindo a estrada do meu sonho,

na noite debruçada no chão.





O vento do entardecer

ao balouçar do sol, ao sumir na montanha,

a brisa que encrespa as águas mansas,

furacão, que é o coração do céu,

com ecos de vozes em língua estranha,

dir-me-ão coisas que só eu sei contar.

Só eu.



Terra,

ajoelho-me e me abraço a ti.

O ouvido junto a teu peito,

entre teus seios macios.

Ouço uma voz suave

ninando o filho nos braços.

Sinto o olor de tuas tranças,

e o sorriso tranquilo,

numa paz descansada de criança.



Terra,

regaço de mulher amada,

durmo abraçado a ti.



Envolto na mantilha de teu hálito,

coberto pelas estrelas

que, adormecendo, vi

feliz no teu calor.



Quando acordar,

eu saberei mais

num silêncio maior.