DOUTOR RABELLO
Padre Absalão Martinho Coelho
Dr. Rabello, em Belo Horizonte. |
Em carta endereçada ao Diretor da Peneira, Padre Absalão dedica algumas palavras ao nosso saudoso Dr. Rabello.
Como um homem de Deus – diz ele – eu o acho admirável. Sua consciência
era muito delicada e isto o fez sofrer, mas superou a crise e cantou e contou
as maravilhas de Deus em prosa e verso.
Depois que você e outros trouxeram a imprensa para Virginópolis, veio a
público uma produção literária de valor. Suas composições sacras, em homenagem
à Virgem, mostram toda a sua fé esclarecida e firme. Seus manuscritos trazem
sempre as iniciais LDVqM.
Como um homem da comunidade, ele era o orador que agradava sempre, o
político sempre atento, o despertador de vocações, que encorajava os bons
e corrigia os jovens.
Homem da terra, nunca esqueceu o São Bento, onde nasceu. Você disse – e
eu gostei muito de termo – que ele é sambentista. Eu diria que ele é beneditino
também, pelas pesquisas que fez até o fim da vida, como testemunham seus
manuscritos e o gabinete de estudos que ele não deixava.
Como caracense, o admiro muitíssimo. Quando eu era menino no Caraça,
servi de intermediário entre os padres de lá e o Dr. Rabello, a quem
recorreram, mais de uma vez, nas usas campanhas, para arranjar dinheiro. Certa
vez numa dessas campanhas, ele ganhou, como prêmio de rifa, uma máquina velha e
enferrujada de fazer fotografia ( melhor diria de estragar filme) e eu fui o
ridículo portador da mercadoria. Isto prova que o Dr. Rabello nunca esqueceu o
Caraça e não ficou só nos discursos e artigos que são bem conhecidos dos
leitores da Peneira.
Por tudo isso a Virgem Maria lhe dará a recompensa merecida.
OBS: Ouvi meu pai dizer, muitas vezes, que o Padre Absalão tinha uma
inteligência superior e que era o maior conhecedor de música que ele já
encontrara. Segundo ele, juntamente com Dª Efigênia Souza, “Marfisa”, os dois
eram os maiores musicistas de Virginópolis; ela, grande organista que
dedicou muito do seu talento para abrilhantar as celebrações religiosas da sua
época.
Celina Rabello
Nenhum comentário:
Postar um comentário