sábado, 23 de novembro de 2013

Doutor Rabello - 20/05/1972 - “A Peneira” Nº 142


DOUTOR  RABELLO


Padre Absalão Martinho Coelho


Dr. Rabello, em Belo Horizonte.


Em carta endereçada ao Diretor da Peneira, Padre Absalão dedica algumas palavras ao nosso saudoso Dr. Rabello.

Como um homem de Deus – diz ele – eu o acho admirável. Sua consciência era muito delicada e isto o fez sofrer, mas superou a crise e cantou e contou as maravilhas de Deus em prosa e verso.

Depois que você e outros trouxeram a imprensa para Virginópolis, veio a público uma produção literária de valor. Suas composições sacras, em homenagem à Virgem, mostram toda a sua fé esclarecida e firme. Seus manuscritos trazem sempre as iniciais LDVqM.

Como um homem da comunidade, ele era o orador que agradava sempre, o político sempre atento, o despertador de vocações, que encorajava os bons
e corrigia os jovens. 

Homem da terra, nunca esqueceu o São Bento, onde nasceu. Você disse – e eu gostei muito de termo – que ele é sambentista. Eu diria que ele é beneditino também, pelas pesquisas que fez até o fim da vida, como testemunham seus manuscritos e o gabinete de estudos que ele não deixava.

Como caracense, o admiro muitíssimo. Quando eu era menino no Caraça, servi de intermediário entre os padres de lá e o Dr. Rabello, a quem recorreram, mais de uma vez, nas usas campanhas, para arranjar dinheiro. Certa vez numa dessas campanhas, ele ganhou, como prêmio de rifa, uma máquina velha e enferrujada de fazer fotografia ( melhor diria de estragar filme) e eu fui o ridículo portador da mercadoria. Isto prova que o Dr. Rabello nunca esqueceu o Caraça e não ficou só nos discursos e artigos que são bem conhecidos dos leitores da Peneira.

Por tudo isso a Virgem Maria lhe dará a recompensa merecida.
                            
OBS: Ouvi meu pai dizer, muitas vezes, que o Padre Absalão tinha uma inteligência superior e que era o maior conhecedor de música que ele já encontrara. Segundo ele, juntamente com Dª Efigênia Souza, “Marfisa”, os dois eram os maiores musicistas de Virginópolis; ela, grande organista que dedicou muito do seu talento para abrilhantar as celebrações religiosas da sua época.  
                                                                
Celina Rabello



  



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