A JESUS CRUCIFICADO
José Rabello Campos
Quando te vejo, ó Cristo, assim desfalecido,
macerado o teu corpo em tormentos sem
fim,
avulta-me à memória o quanto hei
delinquido
e avalio, então, quanto hás sofrido por
mim!
Teci-te essa coroa acerada de espinhos,
na pura carne abri-te estes vergões
sangrentos,
de escárnio atroz cobri-te e baldões
escarninhos,
saturei-te de opróbrio e cruéis
sofrimentos!
Cravei-te no madeiro infamante e cruel,
e, numa ínfreme sanha, abri-te o
coração,
e tentei exaurir a fonte do perdão...
e por insulto vil, dei-te vinagre e
fel!
Mas – oh! milagre ingente! Oh!
portentosa cousa!
Após tanto sofrer e tão durado insulto,
ressurges triunfal da funerária lousa,
vens receber do mundo o mais divino
culto!
Oh! milagre maior! Oh! divina bondade!
Após teres curtido as mais acerbas
dores,
olvidas a vingança e, em tua caridade,
estreitas ao teu peito os duros pecadores!
E hoje, o lenho infamante é o signo da
esperança:
a Virgem pura, ao colo o traz como um
escudo;
nele venera o mundo o sinal da aliança;
atrais, dele pendente, ó Cristo, tudo,
tudo!...
Na cruz cravado, ó Mestre, hoje, ovante
pompeias:
dobra-te o joelho o rei, no culto mais
profundo;
dominas, como Deus, todas as
assembleias;
és o Rei e o Senhor inconteste do
mundo!
E, hoje, nós ao passar destas Bodas de
Prata,
nesta Casa de fé colocamos-te a cruz:
no mais ardente amor, na adoração mais
grata,
sagramos-te o Senhor deste Grupo, ó
Jesus!
Que, de teu lado aberto, uma fonte de
graças
sobre o nosso trabalho e sobre nós
promane!
Que operários da Luz e da Instrução nos
faças
e que o mesmo Ideal nos una e
nos irmane!
Tu, que venceste o mundo e subjugaste a Terra,
e que inundas de luz as excelsas
metrópoles,
no paternal amor que em Teu peito se
encerra,
abençoa, também, a Tua Virginópolis!
(Nota: Poema escrito em 1936,
especialmente para as comemorações das Bodas de Prata do Grupo Escolar Nossa
Senhora do Patrocínio, hoje Escola Estadual Nossa Senhora do Patrocínio.)
"Quem admira a beleza está em comunhão com o sagrado." Rubem Alves.
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