Texto escrito para o discurso proferido por seu filho, José Lupciano Rabello Campos, pelo Dia dos Pais, comemorado no Cine Lili, em Virginópolis - MG, em 1962.
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José Lupciano Rabello Campos |
O Diretor mandou-me falar sobre alguém cujo elogio está no próprio nome: o papai.
Depois de “mãe”, é, certamente, o nome mais doce para nós.
Existe sim, um homem que não vive para si, cujo destino próprio como que se interrompeu para confundir-se com o da esposa e o dos filhos.
Semelha uma torrente que, chegando a uma planície, se partisse em dois, três, ou mais caudais, e, daí para a frente, não mais retornasse ao antigo leito.
Coitado do meu papai! É um homem sem destino próprio. Porque vive por nós e para nós.
Todas as manhãs, chova ou faça sol, esteja bem disposto ou com a saúde combalida, sai para o trabalho. E esforça-se rijo para nos manter. E nós sabemos que, esteja onde estiver, tem o pensamento na família.
O papai já não tem vaidade, ou se alguma vaidade tem, se tem um orgulho, é uma vaidade e um orgulho que não ofendem ao bom Deus: é a família, é o bem estar de todos nós; é o desejo de que venhamos a ser melhores do que ele em tudo aquilo que é bom e que dignifica a criatura humana. Sim! O papai deseja que eu seja melhor do que ele, mais instruído, mais piedoso, menos pobre; que eu tenha mais projeção na sociedade e desempenhe em minha Pátria um papel menos obscuro; que eu deixe o meu nome nas páginas da história ou nas da santidade; que eu seja um vulto eminente ou um santo.
Tudo isso é a ambição que nutre meu pai, é o fim por que vive, é a balisa para que se encaminha, é o prêmio que almeja, é a recompensa que ele cobiça. Eu sei que procura dar-me muito do que nunca teve. Sei que só me deseja o bem, e que, quando me chama a atenção é com o coração doendo e porque deseja evitar-me o mal. Tendo maior conhecimento da vida, segue à minha frente afastando os obstáculos, retirando da estrada os espinhos e os empecilhos para que se não magoem meus pés.
Quando me aponta o trabalho e o cumprimento do dever, é porque está certo de que o homem somente pelo trabalho se nobilita, e de que é o cumprimento do dever o único caminho para o êxito na vida.
O papai é o meu melhor amigo. O amigo que não falha; o amigo que se alegra com meus triunfos e comigo se entristece nas circunstâncias adversas. É o representante da bondade e da solicitude de Deus na terra.
Eu, às vezes, me ponho a pensar na justiça de Deus que há de punir as minhas culpas, e tremo. Mas, quando penso que Deus é, antes de tudo, o mais amoroso de todos os pais, torno-me confiante, pois conheço quanto meu pai é bom e quanto bem me quer.
Papai tudo faria para me ver feliz, e, se necessário, não hesitaria em sacrificar a própria vida, para salvar a minha.
É esta a comemoração de hoje. Felizes os que têm um pai vivo, para lhe significarem o seu afeto. Aqueles que já o perderam, estão privados do seu melhor amigo.
Chovam bênçãos do céu sobre o meu pai e sobre sua vida; que seus dias corram tranquilos; e que eu seja sempre honesto, para jamais o tornar infeliz.
José Rabello Campos